Quanto custa o Fies depois de formado? Saiba se o financiamento ainda vale a pena
Entenda como funciona o pagamento desse financiamento estudantil.
Fazer uma boa faculdade ainda é o sonho de muitos brasileiros. Afinal de contas, mesmo com o crescimento exponencial das oportunidades na área do ensino superior nas últimas décadas, bem como com o surgimento das oportunidades oferecidas pelas instituições privadas que oferecem cursos EaD, os valores na iniciativa privada ainda são muito elevados quando comparados com o orçamento médio das famílias brasileiras.
Os estudantes brasileiros possuem algumas oportunidades, como os programas de bolsas estudantis oferecidos pelo governo federal e outros governos, além de um programa de financiamento estudantil que se tornou o mais popular entre os brasileiros interessados em cursar o ensino superior em uma instituição privada, sem a necessidade de fazer os pagamentos das mensalidades de forma integral durante o curso.
O Fundo de Financiamento Estudantil, ou apenas Fies, existe há algumas décadas no Brasil e se tornou fundamental para ajudar os alunos mais carentes que desejavam cursar uma faculdade particular, mas não tinham condições financeiras de pagar pelas mensalidades integrais.
Mas, como estamos falando de um programa de financiamento e não de um programa de bolsas, esse é um crédito que precisa ser devolvido pelos estudantes. Ou seja, todos os valores que deveriam ser pagos durante as aulas acabam tendo que ser pagos posteriormente, após a formatura.
Nos últimos anos, o programa passou por algumas alterações nas suas regras, inclusive com algumas travas que têm como principal objetivo adequar os pedidos à realidade financeira do governo, já que o orçamento do programa é limitado.
Mas será que o Fies ainda vale a pena em 2024? Quais são os valores das parcelas que os estudantes terão que pagar a partir do momento que concluírem o curso? Saiba mais sobre o funcionamento desse programa de financiamento.
O que é o FIES?
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do governo federal que financia os cursos da rede privada de ensino para os brasileiros. O responsável pela administração do programa é o Ministério da Educação (MEC), com as operações financeiras realizadas pelos dois maiores bancos estatais do país, a Caixa e o Banco do Brasil.
Basicamente, esses bancos entram como financiadores de toda a operação. Eles repassam para as faculdades os valores correspondentes às mensalidades completas que o aluno pagaria. E todos esses valores acabam sendo devolvidos pelo estudante depois que ele termina o curso.
Quem pode participar do Fies?
Quando o Fies foi lançado como programa de financiamento, as regras de acesso eram mais simplificadas. Basicamente, qualquer estudante poderia solicitar o financiamento, desde que já estivesse devidamente matriculado em um curso de nível superior em uma universidade parceira do Ministério da Educação.
Os alunos tinham que apresentar alguns documentos que comprovassem sua capacidade de pagamento do financiamento no futuro, inclusive apresentando uma pessoa que se tornaria a fiadora do financiamento, garantindo que os pagamentos fossem feitos posteriormente.
Hoje em dia, essas regras mudaram. Antes de mais nada, o Fies funciona como um processo de seleção, adotando um sistema muito parecido com o de outros programas do ensino superior, como o ProUni e o Sisu. E um dos critérios básicos para que os alunos possam solicitar esse financiamento é ter participado de pelo menos uma edição, a partir do ano de 2010, do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.
Além disso, existem alguns outros critérios que devem ser obedecidos para que os alunos possam solicitar sua inscrição no programa do Fies:
- Ter concluído o ensino médio;
- Estar em situação de baixa renda (renda mensal per capita de até um salário mínimo e meio);
- Ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não ter zerado a redação e ter pontuado pelo menos 450 pontos;
- Não ter concluído uma graduação;
- Não ser bolsista;
- Ter um fiador.
Como é feita a inscrição no Fies?
Antes de mais nada, os estudantes interessados em obter um contrato de financiamento do Fies devem acompanhar os processos seletivos que são feitos, de forma específica, para esse programa. Na grande maioria dos casos, ele acontece duas vezes por ano, no começo de cada um dos semestres.
Cada edital lançado conta com um determinado período de inscrição para os interessados. Os candidatos deverão acessar o sistema correspondente, desde que estejam inseridos nos critérios estabelecidos anteriormente.
Uma característica do Fies em relação ao Enem é que, diferentemente de outros programas do governo federal, como o Sisu e o ProUni, que exigem que o estudante tenha feito a edição mais recente da prova, o Fies aceita as notas obtidas em qualquer edição da prova feita pelos estudantes a partir do ano de 2010.
A inscrição é feita dentro de um sistema próprio do Fies. Para se inscrever, os candidatos devem, antes de mais nada, ter uma conta válida no portal Gov.br. Esses dados de login acabam sendo utilizados para que os alunos consigam acessar o sistema, preencher os dados e confirmar os cursos nos quais possuem interesse em obter o financiamento.
A seleção é feita com base na nota que os candidatos obtiveram no Enem indicada no momento da inscrição. Essa nota concorre com a de outros candidatos que indicaram as mesmas opções de cursos no sistema. Ao final do processo de inscrição, os candidatos que estiverem nas primeiras posições terão a oportunidade de encaminhar o contrato.
Esses candidatos ainda deverão comprovar os outros requisitos solicitados no momento da inscrição, já que os documentos são enviados posteriormente, apenas pelos que conseguem as vagas. Tudo isso é feito dentro do SISFIES. Depois que as informações são checadas e aprovadas, os candidatos ainda deverão assinar o contrato diretamente no banco indicado.
Como funciona o pagamento do Fies pelos estudantes?
A partir do momento em que o estudante adere ao Fies, ele terá que fazer um processo chamado de aditamento todos os semestres, uma vez que a inscrição é feita uma vez a cada seis meses nas universidades. Esse aditamento deve ser feito diretamente na universidade, já que ela deve possuir uma estrutura de atendimento para os alunos do Fies.
O estudante terá um período máximo para se formar pelo Fies, sendo que essa informação é fornecida de acordo com o curso escolhido. Durante esse processo, os alunos deverão pagar metade do valor da mensalidade, caso tenham obtido um contrato de financiamento de 50%, ou então pagar apenas uma pequena quantia que serve para abater parte dos juros, caso o contrato de financiamento seja integral.
O começo do pagamento do Fies acontece a partir do momento que o aluno conclui o curso, ou seja, se forma, com um prazo de carência de, no máximo, seis meses para que as parcelas comecem a ser quitadas. Esse valor acaba sendo calculado levando em consideração todo o valor que deixou de ser pago pelo estudante, acrescido dos juros do período.
De acordo com as regras que estão atualmente valendo para o Fies, os estudantes possuem um prazo máximo de 14 anos, após a conclusão, para que o pagamento seja feito. A cobrança é feita diretamente pelo banco que entrou como financiador no contrato assinado pelo estudante, com os boletos sendo emitidos pela instituição financeira. Esses boletos podem ser pagos utilizando qualquer sistema disponível, incluindo agências presenciais, lotéricas, internet banking ou aplicativos dos bancos.
Ainda vale a pena financiar um curso pelo Fies?
Atualmente, existem diversas opções de universidades privadas, incluindo algumas com valores bem mais acessíveis, uma realidade que é completamente diferente daquela que se apresentava ao Brasil quando o programa foi lançado. Hoje em dia, esse é um programa que pode acabar se tornando bastante caro para os alunos, que já começam sua vida profissional com uma dívida considerável.
Mas, para os alunos que realmente têm como principal objetivo fazer um curso clássico dentro de uma universidade privada mais tradicional e que não possuem condições de fazer o pagamento da mensalidade de forma integral, o Fies ainda segue sendo a melhor opção, especialmente quando comparado com outros sistemas de financiamento privados, que costumam ter juros e taxas mais altos.
Existem algumas outras vantagens do financiamento via Fies que podem ser interessantes para os estudantes. Para quem deseja fazer um curso que não está disponível na rede pública de ensino, por exemplo, essa pode ser uma forma de viabilizar os estudos. Os alunos ainda podem utilizar o dinheiro que pagariam na mensalidade para conseguir custear outros cursos, ou até mesmo para o pagamento das contas durante o período de ensino, que sempre é bastante desafiador.
Por outro lado, as desvantagens também existem e devem ser levadas em consideração. Os juros cobrados sobre os valores que são repassados pelos bancos diretamente para as instituições de ensino acabam fazendo com que a conta se torne bem cara, ainda mais quando o aluno demora muitos anos para se formar.
Com essa grande dívida, os jovens já começam sua vida profissional financeira correndo o risco de endividamento e de terem o nome negativado em órgãos como o SPC ou Serasa, caso não consigam quitar as mensalidades nas datas de vencimento previstas.
Além disso, esse contrato de financiamento ainda exige uma grande quantidade de documentos, com os alunos tendo que passar por um processo burocrático praticamente todos os semestres. Os alunos também precisam comprovar que estão inseridos em uma faixa de renda mais baixa, o que exige que ele apresente comprovantes de renda de todas as pessoas que fazem parte do mesmo núcleo familiar.