Cartão de crédito emprestado: Por que 12% dos brasileiros recorrem a essa prática arriscada?
Descubra por que milhares de brasileiros estão usando cartões emprestados para necessidades básicas, os riscos envolvidos e as alternativas mais seguras para quem precisa de crédito urgente.
Uma pesquisa recente revelou um dado alarmante sobre o comportamento financeiro dos brasileiros: 12% dos entrevistados já utilizaram cartão de crédito emprestado para realizar compras ou pagar contas. O estudo, conduzido pela fintech meutudo com mais de 22 mil participantes, mostrou que esta prática está se tornando comum no dia a dia financeiro de muitas pessoas.
A falta de acesso ao crédito próprio é o principal motivo apontado por 45% dos entrevistados. Outros 23% afirmaram que, apesar de possuírem um cartão, o limite disponível é insuficiente para cobrir suas despesas. Mais preocupante ainda é o fato de que, para 57% dos usuários, pegar cartão emprestado já se tornou um hábito regular, não apenas uma solução emergencial.
Familiares são os principais "salvadores" nestas situações, sendo responsáveis por 67% dos empréstimos de cartão. Amigos representam 28% das fontes de empréstimo, enquanto 6% dos entrevistados recorrem até mesmo a vizinhos para conseguir realizar seus pagamentos, evidenciando como as redes de apoio pessoais substituem o acesso formal ao sistema financeiro.
Este comportamento reflete um problema estrutural no acesso ao crédito no Brasil, onde muitas pessoas encontram barreiras significativas para obter produtos financeiros básicos, recorrendo a soluções improvisadas que podem trazer consequências negativas a longo prazo.

Onde e como os cartões emprestados são utilizados
Ao contrário do que muitos poderiam supor, os cartões de crédito emprestados não são utilizados principalmente para compras supérfluas. A pesquisa demonstra que as principais destinações são necessidades básicas: 35% dos gastos são realizados em supermercados e outros 35% em despesas relacionadas à saúde, revelando a vulnerabilidade financeira de uma parcela significativa da população.
Quanto aos valores envolvidos nessas transações, 39% dos usuários utilizam o cartão emprestado para compras superiores a R$ 1.000,00, enquanto 33% fazem gastos entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00. Estes números indicam que não se trata de pequenas despesas, mas de valores consideráveis que comprometem significativamente o orçamento familiar.
O impacto psicológico dessa dependência também é relevante. Muitos relatam sentimentos de constrangimento, vergonha e impotência ao precisar solicitar um cartão emprestado. Esta dimensão emocional agrava ainda mais a situação, criando um ciclo de estresse e ansiedade em torno da gestão financeira pessoal.
Esta realidade evidencia como o sistema financeiro tradicional ainda não consegue atender adequadamente às necessidades de crédito de todos os segmentos da população, especialmente aqueles em situação de maior vulnerabilidade econômica.
Os riscos ocultos de usar cartão de crédito emprestado
Embora possa parecer uma solução prática no momento de necessidade, utilizar cartão de crédito de terceiros traz riscos significativos tanto para quem empresta quanto para quem utiliza. O primeiro e mais óbvio é o risco de endividamento descontrolado devido às altas taxas de juros em caso de não pagamento integral da fatura.
A falta de controle orçamentário é outro problema frequente. Quando o cartão não está em seu nome, torna-se mais difícil acompanhar os gastos de forma sistemática, o que pode levar a despesas impulsivas e descontrole financeiro. Esta situação geralmente resulta em um ciclo vicioso de dependência de crédito emprestado.
- Potencial deterioração de relações pessoais em caso de problemas de pagamento
- Risco de fraudes e golpes ao expor dados sensíveis do cartão
- Possibilidade de bloqueio do cartão pelo banco devido a padrões de uso incomuns
- Negativação do nome do titular do cartão sem seu conhecimento direto
Além disso, questões legais também devem ser consideradas. Do ponto de vista das instituições financeiras, o empréstimo de cartão pode configurar violação dos termos de uso, já que o cartão é pessoal e intransferível. Em casos extremos, isso pode levar ao cancelamento do cartão e até mesmo impactar negativamente o histórico de crédito do titular.
Alternativas seguras ao cartão emprestado
Felizmente, o mercado financeiro tem evoluído para oferecer opções mais acessíveis e seguras para quem precisa de crédito. Uma das opções mais viáveis para quem tem restrições financeiras é o cartão para negativado, oferecido por diversas instituições. Estes produtos geralmente começam com limites modestos, mas permitem construir um histórico de crédito positivo com o uso responsável.
Para servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS, o cartão de crédito consignado representa uma alternativa com taxas de juros significativamente menores que as praticadas nos cartões convencionais. A principal vantagem é a segurança oferecida tanto para o consumidor quanto para a instituição financeira, já que o pagamento é descontado diretamente da folha.
Os cartões pré-pagos são outra solução interessante, especialmente para quem busca maior controle financeiro. Nesta modalidade, o usuário carrega o cartão com o valor que deseja gastar, eliminando o risco de endividamento. Diversas fintechs oferecem esta opção com taxas mínimas ou inexistentes, tornando-a acessível a praticamente qualquer pessoa.
Alternativa | Principais vantagens | Indicado para |
---|---|---|
Cartão para negativado | Acesso mesmo com restrições no nome | Pessoas com score baixo ou nome negativado |
Cartão consignado | Taxas reduzidas e aprovação facilitada | Aposentados, pensionistas e servidores públicos |
Cartão pré-pago | Controle total dos gastos sem risco de dívidas | Pessoas buscando disciplina financeira |
Contas digitais com função crédito | Praticidade e menos burocracia | Usuários com familiaridade digital |
Como melhorar seu score e conquistar seu próprio cartão
Se a dificuldade para obter um cartão próprio está relacionada ao score de crédito, existem estratégias eficazes para melhorar sua pontuação. O primeiro passo é regularizar eventuais pendências financeiras e manter o nome limpo. Pagamentos em dia têm impacto positivo significativo na construção de um bom histórico creditício.
Manter movimentação bancária regular, mesmo que com valores modestos, também contribui para demonstrar capacidade de gestão financeira. Algumas instituições oferecem cartões com garantia, onde o cliente deposita um valor que serve como limite inicial, reduzindo o risco para o emissor e facilitando a aprovação.
Outra estratégia eficaz é solicitar o relatório de crédito gratuito disponibilizado por bureaus como Serasa e SPC para identificar possíveis inconsistências que possam estar prejudicando seu score. Muitas vezes, pendências já quitadas continuam constando indevidamente nos registros, impactando negativamente sua pontuação.
- Pague contas em dia, mesmo as de pequeno valor
- Mantenha uma conta bancária com movimentação regular
- Evite usar todo o limite disponível dos seus cartões atuais
- Considere iniciar com cartões mais básicos ou com garantia
- Verifique regularmente seu relatório de crédito em busca de inconsistências
Educação financeira como solução definitiva
Mais do que buscar alternativas pontuais, a solução sustentável para o problema do cartão emprestado passa pela educação financeira. Compreender conceitos básicos como orçamento familiar, planejamento de gastos e uso consciente do crédito é fundamental para evitar situações de vulnerabilidade financeira que levam à dependência de recursos de terceiros.
Diversas plataformas oferecem conteúdo gratuito sobre educação financeira, desde aplicativos que ajudam no controle de gastos até cursos online completos sobre gestão financeira pessoal. O Banco Central e instituições financeiras também disponibilizam materiais educativos de qualidade sobre o tema.
Desenvolver uma reserva de emergência, mesmo que inicialmente pequena, é outra estratégia fundamental para reduzir a dependência de crédito em situações imprevistas. Especialistas recomendam guardar o equivalente a pelo menos três meses de despesas básicas para enfrentar emergências sem recorrer ao endividamento.
Por fim, é importante ressaltar que a independência financeira é um processo gradual. Pequenos passos consistentes, como reduzir gastos supérfluos e estabelecer metas financeiras realistas, podem levar a mudanças significativas na relação com o dinheiro e, consequentemente, reduzir a necessidade de recorrer a cartões emprestados ou outras soluções de alto risco.